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O poeta, o sapo e o prato do dia

poeta

O Centro – na região da Demétrio, da Fernando Machado e da Borges de Medeiros é o MELHOR lugar para se viver em Porto Alegre. Aqui as pessoas ainda gostam uma das outras, ainda existe bom humor, companheirismo e serviço de qualidade com preço justo. Hoje, tive mais algumas provas disso. Perdi minha chave e o chaveiro foi muito atencioso, deixou a banquinha e foi ajudar na mesma hora. Não tive que agendar visita, e ele ainda deixou que pagasse depois, coisa de cidade do interior – “passa lá na banca e acerta”. Quando passei para acertar, vi três livros escorados no vidro da banca, eles eram do mesmo autor – Edison da Silva Boeira. Gostei tanto do atendimento ali, que pedi um cartão para ligar quando necessário e recomendar o serviço. Tive uma surpresa. O nome impresso no cartão era o mesmo do autor do livro e, na hora de ir embora, o chaveiro-escritor me disse: Vi que estavas olhando meu livro, leva esse para ver se te agrada. Ganhei o livro e o resto do dia.

Na sequência, fui almoçar no Rei da Picanha, lugar simples, que picanha mesmo quase não tem, mas PASMEM, o garçom usou um paninho branco – realmente branco – para limpar a mesa, com um produto que deixou o ambiente cheiroso. Depois ainda me trouxe a melhor farofa do mundo. Comida perfeita e, entre duas pessoas, deu menos de 10 reais para cada.

Antes de tudo isso acontecer, o zelador do meu prédio, às 8h da manhã, foi até a casa dele procurar uma chave reserva do meu apartamento, depois seguiu me ajudando nessa busca e, umas 10h, quando nos encontramos pela rua, atencioso, perguntou se eu tinha encontrado. O zelador é o mesmo que vem aqui, arruma tudo que precisa de elétrica, hidráulica, pintura e, quando pergunto o preço ele me diz: Ah, me dá só um trocado.

Lugares e pessoas como as que vivem e trabalho nesta região do Centro de Porto Alegre merecem inúmeros trocados por valorizarem o lado humano das relações..

De cara nova: Rádio Falando de Amor muda site e sua marca para 2013

A Rádio Falando de Amor surgiu de um sonho que rapidamente se tornou uma linda realidade. Tendo sua primeira transmissão em julho de 2012, o projeto, nestes oito meses de vida, foi ganhando membros, parceiros, ouvintes e hoje, o que era uma iniciativa pessoal se consolida como projeto cultural, com mais de 15 locutores, 24h de programação, parceiros importantes e cada vez mais ouvintes apaixonados pela RFA.

Digo que sou a diretora deste projeto, mas, na verdade, não me sinto assim. Para mim, é como se fosse a capitã de um time repleto de estrelas que, dentro das suas áreas de interesse, trazem, de um jeito diferente e inovador, mais cultura para a população de Porto Alegre e onde a internet permite chegar.

Mudar é preciso!

A migração do nosso site para uma plataforma mais ampla e seu novo visual vem de algo que para mim é como lema: Mudar é preciso! Nada é bom o bastante que não possa ficar melhor. Ao longo dos meses em que a rádio está no ar, buscamos ouvir as pessoas, entender o que tínhamos de bom e onde poderíamos melhor. O site e a nova identidade visual surgiram da compilação de tudo que apuramos, formal e informamente, com aqueles que, de alguma forma, fazem parte do projeto. Solucionamos velhos problemas, provavelmente criamos outros (risos) e novas possibilidades de conteúdo.

Para 2013, fica o compromisso de ser e fazer ainda melhor. A Rádio Falando de Amor, carinhosamente apelidada pelos seus ouvintes de RFA, tem sonhos ambiciosos. Fica, também, meu agradecimento a todos que caminharam, caminham e ainda caminharão ao nosso lado. Agradeço, de forma especial, a Cris Jagmin, da StudioDess, que foi nossa parceira no desenvolvimento deste site, a Dani Lima, da iNove Comunicação e Marketing, por todas as figurinhas trocadas, a Deb Xavier, do Jogo de Damas, pelas oportunidades e conselhos, a Lívia Lampert, da Agência Linea Comunicação, pela paciências e apoio, a Fabíola Dambrós, da Aika Sul, pela assessoria e carinho, e a Natalia Almeida, pela organização e os braços que me faltam neste projeto.

Juliana Ramiro

Capitã do time da RFA

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O desafio maior é admitir-se falho e manter o brilho no olho

Por Juliana Ramiro

Para mim, empresas nascem de sonhos. E nossos sonhos se tornam reais quando realmente conseguimos amá-los. A Rádio Falando de Amor nasceu assim. Sou jornalista por profissão e sonhadora por escolha de vida. E que me perdoem os mais técnicos, mas tem um momento decisivo que toda empresa passa, quando está no meio da estrada, e a nossa decisão a conduzirá para o sucesso ou fracasso. Essa escolha tem a ver com o amor. Realmente estamos dispostos a nos dedicar a esse sonho? Somos capazes de superar os dias mais críticos e seguir plantando para colher adiante? Óbvio que não devemos abdicar da racionalidade, mas, o determinante na minha decisão foi o quão apaixonada estava pelo meu projeto.

Fiz essa escolha logo nos primeiros meses do projeto – e acredito que, vez que outra, terei que repetir a dose. O volume de trabalho é grande, o retorno é pequeno e temos que lidar com a sensação de que quanto mais a gente faz, mais terá a ser feito. Um ciclo interminável e vicioso de trabalho, exaustivo e apaixonante. Se meu sentimental não tivesse mergulhado comigo nessa, não teria as próximas linhas deste texto.

O primeiro passo para tirar um empresa do campo das ideias e fazer dela um negócio é admitir que não sabemos tudo, que não vamos dar conta e que, sim, precisamos de ajuda. Para mim esse foi o passo mais difícil. Olhar para dentro e admitir meus pontos fracos e captar pessoas para suprir tais necessidades. É melhor dividir e ganhar do que perder sozinho.

O segundo passo é saber a hora certa de entrar no jogo. Planejamento é fundamental. Isso aprendi “tomando na cabeça”, como dizem os surfistas. Montei a rádio, vi fornecedores, estruturei o site e fiz a primeira transmissão em uma semana. Os dois meses seguintes foram de pura loucura, planejar algo depois de lançado é muito mais penoso. E, se tratando de uma rádio, os erros ficam escancarados para quem estiver ouvindo. São problemas técnicos, de software, hardware e de pura falta de planejamento. Deixei escapar clientes por, simplesmente, não ter pensado em valores, estratégias e definições técnicas. Gastei mais do que precisava, por mudar três vezes de fornecedor, até chegar à transmissão que estivesse de acordo com as necessidades do meu negócio. Precisei organizar processos, recebimento de materiais, criar parcerias, montar redes para o negócio, movimentar os canais de comunicação com os ouvintes, tornar o produto atraente e, tudo isso, com a rádio funcionando, 24h no ar. Nem cartões de visita eu tinha e a Rádio já estava com 100 acessos diários. Noites sem dormir, surtando sozinha, até que sentei com minha sócia (aqui já tinha admitido que precisava de uma) e coloquei tudo no papel. Uma sócia com perfil diferente do nosso ajuda mais do que alguém que seja nossa cópia, acreditem.

E aqui identifiquei o terceiro passo. O papel. Eu não tinha registro de nada. Até hoje não entendo como as pessoas abraçaram a rádio comigo e como os primeiros locutores não perceberam a furada que estavam se metendo. Era tudo de boca. Enquanto éramos três bocas, eu conseguia organizar, quando chegamos a cinco, senti-me obrigada a ouvir minha sócia e fazer apresentações formais da rádio, contratos de anunciantes, guia de processos para os locutores, manuais dos programas de edição. Isso facilitou o trabalho e hoje, com mais de 15 locutores e o time crescendo a cada dia, tenho certeza de que o papel salvou a minha vida e do projeto.

O quarto passo é não prostituir o trabalho – ou prostituí-lo para as pessoas certas. Parceiros são ótimos, mas é decisivo que a parceria seja fundamentada na troca. Se você ganha com um parceiro, ele tem que ganhar com você – e a recíproca deve ser verdadeira. Essas são as parcerias mais saudáveis e que rendem os melhores frutos. Entenda o que seu parceiro precisa e não tenha medo de pedir o que realmente é importante. As parcerias de que falo devem ser feitas, também, com seus clientes, aquelas pessoas que você conversa, que dão dicas, que trocam ideias, os grupos de “estudo e apoio” – e aqui entra, de forma muito especial, o Jogo de Damas. Todos são parceiros fundamentais.

O último passo é não perder a paixão que fez você apertar o “play” de tudo isso. Sem ela o caminho fica mais cinza, mais difícil e menos prazeroso. Aceite sua empresa como um filho, mas não seja uma mãe coruja, incapaz de ver os pontos fracos deste filho. Uma mãe realista, que não deixa faltar amor, colabora muito mais no crescimento do piá. Ah, e tenha certeza de que seu brilho no olho convence as pessoas de que estão diante de algo verdadeiramente interessante. Não esqueça disso no caminho!

Hoje, a Rádio Falando de Amor, está com cinco meses de vida, mais de 300 acessos por dia, 15 programas selecionados “a dedo”, locutores-parceiros, ouvintes-parceiros, anunciantes-parceiros e parceiros-parceiros, que fazem todo esforço valer a pena.

  1. Espero que meus erros e acertos possam ajudam empreendedoras que estejam começando, possam provocar saudade naquelas que hoje já consolidaram seus negócios e trazer esperança àquelas que abandonaram seus sonhos.

“Amar não é brega, não é ‘mimimi’, amar é vital” (trecho da apresentação da RFA)

* Texto escrito para o blog do Jogo de Damas – comunidade crescente de mulheres empreendedoras que amam os desafios do dia a dia e que querem fazer a diferença..