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E, só por hoje, o resto é o resto

resto-depoimento

Por Juliana Ramiro

Sempre fui uma aluna problema, não por ter notas ruins ou por ser malvada, brigona, mas por ser inquieta e questionadora. Fazer com que eu passasse a tarde inteira pintando um elefante nunca foi tarefa fácil. Sempre dava um jeito de dar o meu toque artístico e terminar a indigesta atividade em 5 minutos, afinal, mesmo quando se é criança, a vida segue sendo curta.

Essas são as minhas palavras de ordem – a vida é curta para perder tempo. Isso incomoda, tanto a mim como aqueles que convivem comigo e não caminham com a mesma agilidade. Hoje sou uma pessoa problema.

Uma pessoa problema do tipo que se destaca. Sou leonina, valorizo meu ego e cuido da minha juba desalinhada, mas não é daqui que vem o reconhecimento verdadeiro, sei disso. Ganho destaque por ser uma eterna inconformada. Sou a algoz do meu próprio descanso e sempre acho que cabe um pouco mais de conhecimento e trabalho. A eterna busca por “sei lá bem o que” amplia minha inimizade com a balança e as vezes que preciso visitar médicos variados.

“A dor e a delícia de ser o que é” é, sem dúvida, uma frase pronta que explica muito coisa e faz todo sentido pra mim. Hoje, ao atualizar meu perfil no Linkedin, veio-me na boca um gosto delicioso de ser quem eu sou.

E, só por hoje, o resto é o resto. Obrigada diretora Ângela Guimarães por me servir esta doce sobremesa..

A curta história do amor que transbordou

Por Juliana Ramiro

O dia não era belo, mas me trouxe tantas coisas belas que passou a ser. Assim, um belo dia passei a ter um par de grandes olhos, de um preto-branco vivo, olhando para dentro de mim. Não eram meus, mas acabaram como. Também já não eram mais teus, mas não brigamos por posse.

Brigamos por muitas outras coisas, que apontavam para uma mesma – caber. E a gente foi se ‘cabendo’ até não caber mais. E tudo que não cabe transborda e transbordou.

E hoje a gente vive transbordando desse ‘nosso jeito nosso’ de sentir amor.

“Você me achava meio esquisita
E eu te achava tão chata”

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Feliz Aniversário!

vivi

Exatamente hoje não, mas por convenção, neste mesmo dia, há dois anos, veio ao mundo uma das minhas maiores paixões. A bonequinha cabeluda, que a “tiarada velha” esperava para ver quem segurava primeiro, no colo de quem ela ficava mais tempo e todas essas coisas de família simples que faz tempo que as crianças cresceram, havia nascido.

Já fui muito menos sensível que hoje, e naquela época era dura na queda, não era qualquer coisa que me fazia chorar. Porém, olhar-te, aquele bebe pelado, branquelo, tentando abrir os olhos e pensar que eu, além de irmã, era tua dinda, fez-me chorar. Aquele momento ficou nas minhas memórias como a cena mais linda que meus olhos presenciaram.

E naquele momento chorei pela beleza do instante e por me sentir um pouco responsável por ti, por imaginar quantas “crueldades” acabarias por descobrir quando ficasse maior, quantas alegrias terias e quantas desilusões também.

Lá, na maternidade mesmo, jurei para mim que nunca te mentiria, mesmo quando viessem as perguntas que todo adulto não sabe o que responder. Hoje, um pouco afastada pela minha falta de tempo e a distância entre as cidades que moramos, não consigo acompanhar de perto o teu crescimento, no entanto, o sentimento não se faz menor, nem ele, nem o meu “sentir-me responsável”.

Hoje, tens dois aninhos, e já sabes que existem coisas boas e coisas “uuuimmm”. E pra mim, o que é realmente “uuuimmm” é não estar tão perto para acompanhar tuas descobertas. Sorte que a tecnologia nos aproxima, e, pelas fotos de um e de outro, vejo o quão rápido o bebê vai virando mocinha, e de mocinha mulher….

E meu texto, que era um cartão de aniversário, virou pedido de desculpa, que talvez leias um dia, e talvez entendas o meu amor e a minha pressa. Mesmo de longe, tua mana-dinda acompanha teus passos e admira teu jeito leve, doce e sábio de levar a vida. E está aqui, sempre aqui, por perto, para te ajudar a entender cada detalhe de cada coisa do mundo.

Feliz aniversário!.