Por Juliana Ramiro
Semana passada, sexta-feira, a minha sexta da preguiça, fiquei na cama até às 11h e acabei, não sei bem por que, lembrando da música “O mundo anda tão complicado”, do Legião Urbana. A canção é linda e fala do cotidiano de um casal. Pra quem não conhece, clica no vídeo e vai ouvindo, enquanto lê o post.
“Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você
Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo por amor”
Essas duas estrofes são as finais da música e quero destacá-las porque acho que falam muito bem de algo que a pouco passei a compreender e valorizar. Por muito tempo tive sérios problemas em manter qualquer relação que era baseada no convívio. As pessoas me cansavam. Minha sede pelo novo me fazia perder o interesse.
Passei muito tempo buscando a pessoa perfeita, os amigos perfeitos, os colegas perfeitos, os amores perfeitos. Em vão. As pessoas que criei na minha cabeça só existiram enquanto eu pude fantasiá-las na minha cabeça. Pessoas de carne e osso têm carne e osso e muita humanidade. O ser humano é imperfeito. E uma relação entre dois, duplamente imperfeita.
Tive amigos que pareciam os amigos perfeitos. E os que mais me decepcionaram. Hoje, opto por amigos que são os melhores naquilo que é vital para uma amizade: sinceridade e respeito. Eles podem não viver comigo, não gostar das coisas que gosto, no entanto, são fiéis e sei que posso contar.
Já tive amores que gostavam das mesmas coisas que eu, tinham a mesma idade, ouviam as mesmas músicas, começavam a comer uma trufa pelo mesmo pedaço. E pra que tudo isso? Meus amores mais importante tiveram pouco a ver comigo mas me amaram muito e foram os que mais me fizeram crescer, e os que trago comigo até hoje. Reconheço que deixei de aproveitar essas pessoas porque via nelas algo que não era o que eu tinha idealizado. Lamento.
“Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo por amor”
Hoje não busco mais amores perfeitos, e, aos poucos, estou aprendendo a valorizar quem não é. Estou vendo nas imperfeições algo para lembrar, para rir, para contar. Estou me interessando por alguém de carne e osso, e vendo o brilho que gente assim pode ter. Estou descobrindo que a mesma pessoa pode ser interessante todos os dias, porque sempre haverá um gesto novo, uma história, ou o velho carinho, a velha atenção, e o velho olhar, que a essa altura já é mais do que revelador.
Estou aprendendo a sair da segurança do meu mundo por amor. E feliz..