Meu eu em você


Por Juliana Ramiro

Mais um dia que uma música me faz viajar na vida, num sentimento. Victor e Léo, dupla sertaneja romântica, Meu Eu em Você. Podem dizer que eu sou brega, caipira, cafona, o que quiserem, o fato é que não monto meu playlist por artista ou estilo musical. Vou ouvindo tudo que posso e seleciono algumas canções pelo que elas me trazem – letras, ritmos, interpretações. Cada uma com seus pontos fortes e fracos. Peço que não tenham preconceito, sigam lendo… ouvindo… e depois digam se valeu ou não a pena.

Já tinha ouvido essa música outras vezes mas nunca escutado o que ela tinha pra me dizer. Sim, acredito que as canções têm sempre algo a nos dizer, e que não é numa primeira audição que conseguimos captar. Viagem minha ou não, destaco o grande final como a melhor parte.

“…Sou teu ego, tua alma
Sou teu céu, o teu inferno a tua calma
Eu sou teu tudo, sou teu nada
Minha pequena, és minha amada
Eu sou o teu mundo, sou teu poder
Sou tua vida, sou meu eu em você…”

Sentimento. Amor. Quantas vezes a pessoa que amamos é a nossa redenção, nos leva para o céu num abraço, e já no estante seguinte, numa briga, o nosso inferno, a nossa fonte de ira, de raiva. Passado um tempo, as mesmas mãos que empurraram, que apontaram a saída, que bateram a porta, voltam e se entrelaçam nas nossas costas nos devolvendo a calma, e, novamente, nos apontando o caminho do céu.

Como o amor é um sentimento complicado. E não há como negar que ele caminhe junto com um companheiro bem oposto. Tudo que sentimos quando nos dizemos amando, assim, do nada, some, deixando no lugar sensações muito contrária. Contraditório.

Contraditoriamente sublime é o amor. É sofrido e alegre, simples e ao mesmo tempo quase incompreensível. Alguém pode ser tudo pra gente, e a gente pensa que sem essa pessoa é impossível respirar direito, viver. E, ao mesmo tempo, sabemos que a tal pessoa não é nada demais, porque antes dela existir, existia vida, ar, luz, trajetória, existia história.

“Sou meu eu em você”

Juntos somos nós, mas quando eu for embora será que você será você de novo? Eu espero deixar algo de mim por onde passo e sempre trago algo do caminho.

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“Quem deixou a segurança de seu mundo por amor”

Por Juliana Ramiro

Semana passada, sexta-feira, a minha sexta da preguiça, fiquei na cama até às 11h e acabei, não sei bem por que, lembrando da música “O mundo anda tão complicado”, do Legião Urbana. A canção é linda e fala do cotidiano de um casal. Pra quem não conhece, clica no vídeo e vai ouvindo, enquanto lê o post.

“Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você
Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo por amor”

Essas duas estrofes são as finais da música e quero destacá-las porque acho que falam muito bem de algo que a pouco passei a compreender e valorizar. Por muito tempo tive sérios problemas em manter qualquer relação que era baseada no convívio. As pessoas me cansavam. Minha sede pelo novo me fazia perder o interesse.

Passei muito tempo buscando a pessoa perfeita, os amigos perfeitos, os colegas perfeitos, os amores perfeitos. Em vão. As pessoas que criei na minha cabeça só existiram enquanto eu pude fantasiá-las na minha cabeça. Pessoas de carne e osso têm carne e osso e muita humanidade. O ser humano é imperfeito. E uma relação entre dois, duplamente imperfeita.

Tive amigos que pareciam os amigos perfeitos. E os que mais me decepcionaram. Hoje, opto por amigos que são os melhores naquilo que é vital para uma amizade: sinceridade e respeito. Eles podem não viver comigo, não gostar das coisas que gosto, no entanto, são fiéis e sei que posso contar.

Já tive amores que gostavam das mesmas coisas que eu, tinham a mesma idade, ouviam as mesmas músicas, começavam a comer uma trufa pelo mesmo pedaço. E pra que tudo isso? Meus amores mais importante tiveram pouco a ver comigo mas me amaram muito e foram os que mais me fizeram crescer, e os que trago comigo até hoje. Reconheço que deixei de aproveitar essas pessoas porque via nelas algo que não era o que eu tinha idealizado. Lamento.

“Quero ouvir uma canção de amor
Que fale da minha situação
De quem deixou a segurança de seu mundo por amor”

Hoje não busco mais amores perfeitos, e, aos poucos, estou aprendendo a valorizar quem não é. Estou vendo nas imperfeições algo para lembrar, para rir, para contar. Estou me interessando por alguém de carne e osso, e vendo o brilho que gente assim pode ter. Estou descobrindo que a mesma pessoa pode ser interessante todos os dias, porque sempre haverá um gesto novo, uma história, ou o velho carinho, a velha atenção, e o velho olhar, que a essa altura já é mais do que revelador.

Estou aprendendo a sair da segurança do meu mundo por amor. E feliz..

“Mesmo a ilusão de amor me faz feliz”

Por Juliana Ramiro

Uma ilusão de amor pode vale mais que o próprio amor? Ouvindo mais uma das belas músicas interpretadas pela ótima Isabella Taviani me fiz essa pergunta. E claro, comecei a olhar para o meu umbigo e chego a conclusão de que SIM. Uma ilusão de amor pode nos fazer mais feliz e até ser maior que o próprio amor.

Estar sentimentalmente iludido ou se iludindo tem seus pontos importantes. A gente sofre com a falta? Sofre. Todavia, um belo dia cansa dessa ilusão e deixa de sofrer, como mágica. Fácil e simples assim. Outra parte boa, quando a gente tá com o coração cheio produz mais, irradia o que pensa estar sentido, não se esvazia.

Eu acredito no bilho de um ser apaixonado. Mesmo que de faz de conta, de fora pra dentro. Pra mim, o sentimento tá 90% na cabeça, 10% no coração. Ela manda e ele aperta. Ele relaxa e ela esquece.

“ Boca a boca vai mudando essa vontade
Seu exército invadindo o meu país
Até quando o corpo pede essa saudade?
Mesmo a ilusão de amor me faz feliz”

Até quando o corpo pede essa saudade? Até quando ele se sente bem com ela. Depois passa. Mas nem tudo passa. Pra mim sempre fica o perfume. Eu ainda caminho na rua e sinto e cheiro VOCÊS..