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Eternidade

Por Juliana Ramiro (09/12/2005)

Lendo uma crônica da Martha Medeiros, onde ela cria uma nova jura de amor na frente do padre na cerimônia de casamento, percebi como tenho medo dessa história de viver eternamente com a mesma pessoa. Sei que muitos vão discordar de mim, mas preciso atrair fiéis para minha defesa e, por isso, a defenderei até o fim deste texto.

Pra início de conversa, não acredito nessa história de amor eterno, ou de que o amor é cego, surdo e mudo. Primeiro, se o amor fosse eterno, quem ama deveria ser também, e não é. Segundo, o amor é abstrato sim, mas nunca vi uma pessoa amar outra que acha feia, por exemplo. Então o amor se materializa nos corpos, e por isso não pode ser eterno, já que ao longo dos anos, os quilos, as rugas, a gravidade, todas essas coisas se tornam inevitáveis. Hoje, amo um gato, sarado, engraçado, tudo de bom. Amanhã quando ele estiver barrigudo, cheio de manias, será que vou o amar ainda?!? Deixo a dúvida no ar. Amor cego, surdo e mudo??? Não, o que existe é gosto pra tudo, ou uma grande necessidade que nos faça ignorar essas coisas todas.

Mas uma questão a ser levantada, essa talvez seja bem pessoal. Agora que sou nova quando penso no futuro não consigo me imaginar dividindo minha vida inteira com a mesma pessoa, que não vai ser aquele príncipe que sonhei por muitos anos, longe disso. Imaginem, ter que acordar e sentir sempre o mesmo bafo, ver a mesma cara amassada. Nossa! Só de pensar já me arrepio toda. Haja amor pra me fazer suportar a eternidade.

Talvez os mais românticos se defendam dizendo que o amor com a convivência, supera todos esses obstáculos, pois é um sentimento puro, entre duas almas. Está bem, se fosse entre almas eu até que queria um “forever”. Mas, nós sabemos, que esse negócio de almas cai por terra quando chegam as contas, o filho vai mal na escola, o ciúme bate na porta, a sogra faz visitas. Sem chance!

Muitas vezes, deparei-me com aquela história, se eu não disser pro meu namorado que quero passar a vida toda com ele, e que ele é o homem da minha vida, no mínimo vai dizer que sou uma insensível. Então, o que fazer??? Realmente concordo que quando estamos apaixonados nada nos tira da cabeça que dessa vez é pra vida toda. Foi, talvez, pensando que o grande Moraes escreveu aquela famosa frase: “…que seja eterno enquanto dure…”. Essas poucas palavras resolvem muitos problemas, e exprimem a minha verdade sobre o amor eterno. Enquanto vivo, eterno. No momento em que se acaba, surge uma nova eternidade..

Fazer aniversário

Por Juliana Ramiro (20/8/2008)

Quando eu tinha uns 10 anos o que mais queria era ter 20, crescer. Sempre fui ansiosa, desde o primeiro ano do Ensino Médio já vinha pensando na minha faculdade, no que eu ia querer fazer para o resto da vida. Eu não mudei, ainda penso no que vou fazer nos anos que ainda me restam. Contudo, é inevitável ajustar a retina e começar a almejar coisas mais próximas.

Fazer aniversário depois dos 18 anos e da tão sonhada carteira de motorista tem outro sabor. Tudo que eu queria conquistar e que tinha idade certa para tanto eu consegui. Comecei a faculdade com 16 anos. Com 18, peguei minha permissão e comprei um carro. Com 19, vim morar na capital, no apartamento que pintei das cores que quis, comecei a trabalhar em dois veículos de comunicação, dei início aos meus projetos de “free lancer”, tornei-me jornalista antes mesmo de terminar a faculdade.

Conversando com amigos na semana do meu aniversário me dei conta que quis tanto tudo que tenho, fui tão objetiva nessas coisas que acabei deixando outras tantas para trás. Hoje, quem me conhece elogia minha maturidade. Aliás, quando falo quantos anos tenho causo espanto nas pessoas. Isso sempre me deixou com aquele ar de missão cumprida, todavia, neste mês de agosto comecei a divagar sobre o tema.

Tenho 20 anos e nunca fiz uma grande viagem, sempre estive estudando ou trabalhando muito. Aos poucos tive que abrir mão de esportes que adorava, deixei de jogar futebol com amigas, de tomar café na tia Lusa, almoçar todas as quartas na vó, de jogar sinuca num barzinho qualquer. 20 anos e nunca tomei um grande porre, briguei na rua, tive uma inimiga, quebrei o braço. 20 anos e ainda não dormi numa barraca com amigos, fiz uma fogueira e uma roda de violão na volta dela. 20 anos e, as vezes, pareço ter vindo dos 10 direto para os 20, acho que tem um filme com a mesma temática.

Todo texto tem algum propósito, isto aprendi neste pulo dos 10 aos 20. O tempo passou voando, fiz muita coisa, porém, nem tudo que queria – e que manda o manual da faixa etária em questão. Antes que eu chegue nos 40 com o mesmo sentimento de “não vivi tudo que precisava”, vou dar o pontapé inicial da minha adolescência. Nunca é tarde para se ter 20 anos e ajustar o foco da nossa vida para o presente. Como minha mãe sempre diz: vamos viver o hoje..

O que me mata

Juliana Ramiro (30-05-09)

O que me mata são os dias que se arrastam
São teus lábios me dizendo que não é a hora
Que meu amor, se for amor, saberá esperar
O que me mata é olhar para teus olhos
E eles nunca olharem na minha direção
Nem uma brecha, nem um sinal, o sim
De resto, o que importa o quanto fui especial?
Eu queria o passado, o presente, e o futuro
E o que ouço: que não é a hora
Qual é a hora? Quanto ainda vou esperar?
O que me mata é saber que eu esperaria
E faria isso se me pedisses
Mas nem isso eu tenho.