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Depois de você

Por Juliana Ramiro (01/08/06)

Depois de você as músicas me irritam
As palavras me cortam
As ruas andam maiores
Os prédios mais pesados
A cidade é o tédio

Depois de amar você as poesias não existem
Não há lugar mais triste do que eu

Depois de amar você nada é suportável
As paredes se tingiram de preto
O coração queima, arde, grita

Depois de ter você tudo parece mentira
Nada me atrai os olhos
Meu violão anda mudo
A cama é o lugar mais detestável

Depois de ter você eu vivo no escuro.

Não serei

Juliana Ramiro (14/04/05)

Não serei como Marília
Que o tempo o amor desgastou
Estarei sempre na vigia
A espera ao que do amado restou

Não serei como Leonor de Mendonça
Que de amor morreu
Não acredito nesta grande mudança
Para um coração “ateu”

Não serei como Branca de Neve
Que dormia a espera do beijo
Certamente buscarei o que serve
Para contentar-me o desejo

Não serei como Capitu
Que dúvidas de fidelidade deixou
Dou-te a certeza que no coração
Terás sempre o lugar que habitou

O tempo consome a carne
Consome a externa riqueza
Se prometer me amar
Prometo te manter minha maior beleza

Não serei como muitas
Que das várias promessas só ficou o pó
Serei como poucas
Que pouco prometem, mas prometem a um só.

E se este presente fosse a última noite do mundo?

Juliana Ramiro (2001)

Morrer, morrer projetando
Morrer amando, sonhando
Abandonar a vida
Sem nenhuma ferida
Abandonar meu rádio, o violão
Perder meus livros, a educação
Falar a todos a verdade
Sem nenhuma piedade
Dizer tudo que comigo guardo
Livrando-me deste grande fardo
Fardo de desilusão
Sinto-me um caminhão
Carregando a carga de ter nascido, crescido, vivido, sofrido, falado, sonhado,…
E enfim morrido
Ao leito de morte
Eu me sentiria enfim forte
Abandonaria meu fardo
E tudo por mim inventado
Seria um ser intocável
Frio e ao mesmo tempo, AMÁVEL..