Arquivo da categoria: Autoria própria

Categoria de textos escritos pela autora do blog.

Eu trocaria a eternidade para tocar apenas uma vez em você…

Por Juliana Ramiro

Existem filmes que a gente assiste no mínimo uma vez por ano, são roteiros obrigatórios. Há quem ache perda de tempo ver a mesma coisa, eu não. Acho que o filme é o mesmo, mas os olhos que o assistem agora têm mais do que tinham antes, a cabeça também, e isso tudo traz outra concepção, nem melhor, nem pior, apenas outra.

Essa semana foi a vez de rever Cidade dos Anjos. Esse filme sempre me abala. Sofro pensando que os protagonistas não vão aproveitar o sentimento que carregam, o sentimento que deu a vida humana a um deles. Amor, paixão, carinho. Emociono-me de pensar que muita gente daria tudo para ter o que eles conseguiram. Algo forte, de verdade, e, os dois recebem essa graça e não tem tempo de usar, não o tempo que gostariam. Como a vida é cruel na maioria das vezes.

Lembro que quando era mais nova, tinha medo de que a cena se repetisse na minha vida, que eu perdesse o meu verdadeiro amor para o destino. Hoje, isso já nem é tão importante assim.

Atualmente, o que martela na minha cabeça, é a questão tema do filme: você trocaria a eternidade para tocar apenas uma vez em alguém? Valeria a pena? Sim. Sou daquele tipo de pessoa que é incapaz de ficar num estado cômodo, pesando os prós e contras das suas atitudes, pensando se mudar realmente valeria a pena. Pra mim, tudo sempre vale. Um sentimento novo, um perfume novo, um brinquedo novo, o novo vira e mexe torna-se vital pra mim.

Tem dias que perco o sono viajando nessa minha necessidade, pensando que nunca vou estar plenamente feliz com nada, porque sempre há de vir uma novidade. A vida é sempre uma surpresa, grata ou não. Será que alguém é plenamente feliz? Ou o que existe é gente que se acomodou com o que tem, mesmo que isso seja pouco ou insuficiente? Não sei.

Hoje, uma amiga me disse: – eu parei de sofrer por não ser uma pessoa de ações e sentimentos estáveis. E disse mais: – acho que tu devias parar de sofrer também, a vida é muito curta pra gente ficar preso no que julgamos o mais correto.

A grande questão é:

Você trocaria a eternidade para tocar apenas uma vez em alguém ou viveria a eternidade imaginando como poderia ter sido?

A vida abre os caminhos. A gente faz as trilhas..

Aperto nosso ponto final…

Por Juliana Ramiro

Ele pula e tremo
Ele aperta e como meus dedos
Ele grita e sigo teus passos
Ele desespera e escrevo

Ele relaxa e chego a ficar bem
Ele mexe e a calmaria se vai
Ele fala e a cabeça se esvai

Ele retorce e penso em ir atrás
Ele cresce e já não consigo compor
Ele encolhe e a dor parece pior

Ele me escapa e não consigo falar
Ele te procura e meus olhos ao cais
Ele transborda e não sou mais racional

Ele chora e volto a tremer
Ele soluça e escrevo um pouco mais
Ele pára e aperto nosso ponto final

(Ouvindo a música Telhados de Paris – versão do Nenhum de Nós).

Eu podia te esquecer

Por Juliana Ramiro

Eu podia te esquecer
E até saberia como fazer
E por onde começar

Eu começaria por aquilo que nem conheço
Pelas fotos que não tiramos
Pelas luzes que não apagamos
Pelo que tocaria no rádio
E os nossos falsetes

Eu podia te esquecer
E até saberia como fazer
O segundo passo seria o que já conheci
A tua voz aguda e angelical
A paz e o fogo que me traz
A angústia e a raiva
O teu frio e o meu fogo
Ou o teu fogo e o meu

Eu podia te esquecer
E até saberia como fazer
O terceiro passo seria apagar os teus detalhes
Não sentir o macio do teu cabelo
Nem o salgado do teu corpo
Nem o doce dos teus olhos
Ou o amargo deles

Eu podia te esquecer
E até saberia como fazer
Mas eu não quero.
Não quero..