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“Não sou eu que me faço voar, o amor é que me voa”

abismo

Por Juliana Ramiro

Feriado cheio de programações e paixões. Recebi um convite do meu amigo Léo para ir visitá-lo em Caxias do Sul e, no dia 2, terça-feira, fazer uma trilha em Cambará do Sul, para conhecer os Cânions de lá. Sabia que seria puxado, mais de 30 km de caminhada, no sol, sem ter muito onde parar, carregando comida e água nas costas, sem guia. Aceitei o desafio. E de lá, além do cansaço e algumas queimaduras pelo corpo, trouxe algo marcado nos meus olhos e ainda um pouco mais pra dentro.

Cheguei à ponta da primeira pedra, olhei para baixo e vi uma imensidão verde, doce e ao mesmo tempo feroz, intocável, no entanto, bem na minha frente, ao alcance de um pulo. Calma. Não entendam este pulo como uma tendência suicida, é mais que isso. Chegar à ponta da pedra, próxima daquela imensidão, trouxe-me a mesma sensação de quando me vi apaixonada pela primeira e todas às vezes.

Senti um frio me correr na espinha, um alvoroço na barriga, uma vontade de sorrir, de gritar, de abrir os braços e deixar que o vento tocasse meu corpo. Cada pedra que cheguei o mesmo sentimento, porém como uma bela novidade, sempre nova, sempre única, sempre minha.

Durante todo o caminho não pensei em voltar, ou desistir, eu queria chegar à ponta da próxima pedra, apaixonar-me de novo. Ter aquela paixão forte, ardida, dessas que nos fazem largar tudo, e se acostar com quase nada, mas precisar sempre de mais. Eu tive sede, e mesmo sem água eu teria seguido na trilha, minha sede por aquele sentimento, naquele momento, era maior que qualquer outro desejo.

Hoje, já acostumada com a falta da paixão, penso que se tudo que eu me apaixonasse fosse como um Cânion eu estaria feliz. Apaixonar-se por gente é a certeza de mais um ADEUS. A gente se apaixona, a paixão vai embora sem nem nos avisar, e as pessoas vão com ela, na mesma velocidade e frieza. A paixão que senti na ponta da pedra, eu posso voltar para buscá-la, sempre que quiser refazer a trilha, a escolha é minha, e ela vai estar sempre lá, a espera de meus olhos.

“…Não sou eu que me faço voar, o amor é que me voa
E atravessa o vazio entre nós pra te dar a mão
Não sou eu que me faço voar, o alto é que me voa
Meu amor é um passo de fé no abismo em seu olhar…”

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Quando eu vou parar pra ser feliz…

Por Juliana Ramiro

Faz tempo que não escrevo nada aqui, mas não encarem isso como um abandono, foi um encontro, comigo. Na teoria eu sempre soube que o mundo gira e a nossa vida junto. Na prática, essas voltas ainda me deixam tonta.

Eu só consigo escrever no blog quando tenho algo a dizer e eu tinha, mas não soube dar uma cara pro que tava sentindo, porque tava sentindo demais. Não tinha algo para dizer, eu tinha muito.

Hoje, passeando pelos vídeos da Ana Carolina, acabei ouvindo Eu Não Paro. A música é linda e andava afastada do meu playlist por falta de identificação minha com ela. Eis que o bom filho a casa torna, não é isso?

Eu achava que tava bem, que tava sendo feliz, que tava no caminho certo, que tinha tudo que precisava. Achava. Agora já acho que não.

“Quando eu vou parar e olhar pra mim?
Ficar de fora
E olhar por dentro
Se eu não consigo
Organizar minhas idéias
Se eu não posso
Se eu esqueço de mim?
Eu pensei que fosse forte
Mas eu não sou

Quando eu vou parar pra ser feliz?
Que hora?
Se não dá tempo
Se eu não me encontro
Nos lugares onde eu ando
Nem me conheço
Viro o avesso de mim

Se eu não sei o que é sonhar
Faz tanto tempo
Tanto mar
E o meu lugar
É aqui!

Uma rua atravessada em meu caminho
Nos meus olhos
Mil faróis
Preciso aprender a andar sozinho
Pra ouvir minha própria voz
Quem sabe assim
Eu paro pra pensar em mim?”

Não consigo escolher apenas um trecho desta linda canção, porque toda a música faz TOTAL sentido pra mim. Ainda não sei olhar pra dentro, minhas idéias seguem na mesma bagunça de sempre, ainda penso muito nos outros e viro o avesso de mim, contudo, agora eu consigo perceber que tem algo errado nisso e que preciso me encontrar. Sem medo, sem medidas, sem receios. E quem sabe esse encontro não seja no mar? Mais um sonho a se tornar real, ou a deixar de ser sonhado..