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Como guardar meu amor

Por Juliana Ramiro

João de Barro, lindamente cantada por Leandro Léo, faz parte das belas canções que compõe o DVD Multishow Ao Vivo da Maria Gadú. Essa música é daquelas pra ouvir alto, de olhos fechados, deixando que ela invada o corpo, tome conta dele, o embale.

Letra simples e curtinha, fico com a última estrofe como a mais significativa:

“Oh meu Deus me traz de volta essa menina
Porque tudo que eu tenho é o seu amor
João de Barro eu te entendo agora
Por favor, me ensine como guardar meu amor”

Como é difícil guardar um amor, mantê-lo puro, feliz e quente. Como é difícil guardar a pessoa amada, o meu amor. Para guardar um amor a gente precisa mantê-lo vivo. Lidar com o dia-a-dia, com as palavras, os gestos, o que poderia ter sido melhor e, principalmente, lidar com aquilo que foi ruim. E isso é tão difícil.

Doar um olhar de amor a alguém todos os dias é tão difícil como segurar uma imensa vontade de chorar. A gente não consegue. Mas isso não significa que não ame. O amor tá lá, dentro da gente, embolado com tantos outros sentimentos, que vem e vão. Ele PRECISA ser bem guardado..

“O coração distrai então a sorte vem”

Por Juliana Ramiro

Conversando com uma amiga no MSN, entre tantos assuntos surgiu a necessidade de se ficar sozinha. Sem namoros, rolos, relacionamentos, para se recuperar do desgaste natural que um relacionamento traz e, principalmente, se estudar, se conhecer.

Dentro de um relacionamento, na luta para fazer dar certo, a gente acaba se moldando tanto, que quando se olha no espelho se pergunta se aquilo é realmente um espelho. Eu gostava de ficar em casa numa noite de sexta? Eu passava mais de uma semana sem ver meus amigos? Eu me vestia desse jeito? Eu gostava de usar meu cabelo assim? Eu ia a festas e preferia ficar sentada a passar a noite inteira dançando? Eu ia embora cedo porque tinha que acordar cedo no outro dia, ou pensava no outro dia, como outro dia?

Deixei de ser eu. O ponto é: gosto do que me tornei ou sinto falta daquilo que era? Eu não saberia viver sem olhar no espelho e ver aquela Juliana de que gosto tanto, mesmo que ela seja espalhafatosa, cheia de amigos, festeira, sempre fora da rotina e que isso não combine muito com um relacionamento.

E como a gente perde tempo se moldando, e perde tempo com algo que há muito nos foi ensinado. Quem quando criança não ganhou aquele brinquedo colorido que a peça quadrada se encaixava SOMENTE na quadrada. E a peça redonda entrava na caixa só pelo buraco redondo… A teoria nos foi passada, a gente que não aplica.

E a gente perde tanto tempo com a pecinha errada, até que cansa e precisa dar um tempo, ficar sozinha. E é nesse momento, quando a gente resolve que vai ficar sozinha, que alguém especial aparece. Isso não é regra, mas acontece com freqüência.

“…Mas é exatamente,
Quando a gente tá cansado
O coração distrai então a sorte vem…”

Sorte ou não, o destino nos dá muitas voltas. Acasos. Descaminhos. A gente erra, se esforça para prender os olhos num ponto que eles naturalmente não querem estar. E depois de tanto esforço, quando a gente opta por não olhar, nossos olhos se prendem sozinhos e a gente não sabe bem o que fazer. ESTRANHO.

“…Era tão estranho,
Te olhar dentro dos olhos,
E ver na minha frente tudo que eu sempre quis
Eu era diferente, dos outros caras de vinte anos
Você era uma chance pra eu ser feliz…”
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