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Categoria de textos escritos pela autora do blog.

Não sabia que a vida me traria o que jamais me deu

Por Juliana Ramiro

Vontade de viver mais, viver tudo, viver cada instante como se fosse o primeiro. Deixei de gostar do desespero do último momento e, hoje, aprecio, a suavidade de um primeiro beijo, do nosso primeiro beijo.

Sempre achei que confortável era adjetivo de sofá e não de relacionamento. Hoje, sinto-me feliz e confortável nos teus braços. Tenho mudado. E essas mudanças não são fruto dos dias que passam pra mim, e sim dos dias que passamos.

Discordar e não fazer disso uma briga. Brigar e terminar a briga falando do quanto se ama e da saudade que se tem. Isso também é novo.

Estou diferente, todos percebem, e me olho no espelho e não mais, como sempre foi, lamento pelo que por ti me tornei. Só consigo agradecer por estar diferente e me sentir bem assim.

Eu, que sempre fui tão avessa a rotinas, adoro a rotina de te ter na minha vida, de passar o dia com a certeza de que em algum momento vou ter o teu sorriso. Gosto da água do lado da cama. Gosto das inúmeras conversas antes de dormir. Gosto da velinha do celular iluminando um pouco mais os teus olhos. Gosto da simplicidade de cada momento. Gosto de ler poesias antes de dormir. Gosto de viver numa eterna poesia contigo.

“Ah se eu pudesse descobrir de onde vem o seu poder
Onde mora o seu mistério, o seu remédio
Prescrito pra me absorver do mundo que ficou pra trás

Eu nunca fui amada assim
Perto de você me sinto “clean”, me vejo enamorada
O teu carinho o teu cuidar, teu jeito de me reparar
Mesmo que eu esteja nada”.

O melhor do amor é o roxo que fica

Por Juliana Ramiro

Sempre achei que o melhor do amor fosse a soma dos momentos felizes e das sensações dignas de serem relembradas e eternizadas numa publicação. Ah! O amor. Como ele me surpreende, rende, por vezes até ofende. Quanto mais quero pensar na complexidade de suas entranhas, mas ele me ataca com a simplicidade da própria pele.
Espanto-me. O amor não está dentro. Ele anda por fora. Ele nasce em casa e a gente o vive na rua. Ele floresce durante a noite, contudo, vive sob a luz do dia, dos dias, das horas, do tempo.
Por certo, o amor não está na flor, no amor perfeito, na maçã do amor, nos doces bem casados. O amor está no amargo, no lado amargo, oposto e sempre contrário.
Contraditório. O amor não está na união. O amor está no ódio. No mais azedo do ódio. Na parte mais dilacerada de um desenlace. Na linha que divide e, ao mesmo tempo, separa as coisas de certas coisas, as frases de certas frases, os amores do certo amor.
O amor está além da paz, além das alegrias. O amor se faz presente quando estamos para morrer de ódio e acabamos vivos de amor. Quando somos tomados pelo maior de todos os ressentimentos, que dura, aproximadamente, menos de um milésimo de segundo. E está lá ele, o amor, aquele certo amor, mais uma vez, socando a nossa cara, deixando nela um leve roxo nas bochechas e um hematoma maior em forma de sorriso.
“Se isso não é amor, o que mais pode ser? Estou aprendendo também.” J.Q.

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Alguém lindamente imperfeito como você

Por Juliana Ramiro

Assisti ao vídeo e foi impossível não lembrar de ti. Nunca fui alguém que admitisse imperfeições nas pessoas e sempre sofri severas críticas por isso. Não sei se estou mais madura ou finalmente encontrei alguém imperfeito, perfeito pra mim.

Amo teu jeito preguiçoso. E a forma como implica comigo. E a dificuldade de aceitar que perde para mim. Amo quando não deixa que te ajude. Quando reclama do meu jeito delicado, e da minha versão mais rude. Amo quando qualquer programa nosso precisa começar com um banho teu. Quando há duas quadras do objetivo final resolve que precisas de um táxi. Amo tua rotina e a cara de desconfiada que fazes quando te tiro dela. Amo quando me contraria só para se fazer mais especial. Amo teu corpo. Amo teus cabelos pela minha casa. Tuas moedas pelo chão. Amo andar pelos lugares apagando as luzes por onde passas. Amo ajeitar a sala e reclamar da tua bagunça. Amo pegar a caixa de ferramentas e destruir alguma coisa contigo. Amo a forma como sempre participas dos meus programas. Amo teu jeito velho e tuas crises adolescentes. Amo quando tuas desculpas são esfarrapas. E quando procura meus lábios para que desista dos meus argumentos. Amo quando reclamas do meu cabelo, e me empresta roupas para sair no frio. Amo quando toda manhã tu veste a mesma jaqueta e sempre desiste de sair com ela. Amo o barulho do secador. Amo o teu “bom dia”. Amo a cinza do cigarro equilibrada entre teus dedos. Amo o jeito que fumas, da respiração mais funda àquela que expele a fumaça. Amo teu jeito friorento. Amo tuas mãos geladas. E tuas idéias furadas. Amo quando resmunga coisas que nem consigo entender. Amo quando bagunça meu cabelo. Amo quando veste listras com xadrez. Amo quando digo que vou embora e tu me deixas com as menores sacolas. Amo ter meu violão na tua casa. Amo nossos duetos. Amo nossas orgias gastronômicas e a tua tosse.

Hoje já não me imagino sem tuas perfeições e imperfeições. Hoje eu daria qualquer coisa para conseguir te manter sempre ao meu lado. Hoje eu dou valor para tuas pequenas imperfeições, que são perfeitas para mim. Hoje eu espero que todos encontrem na vida alguém tão lindamente imperfeito como encontrei..