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Parece que tudo é e foi dela

Por Juliana Ramiro

A cama estendida, meus sapatos dentro do armário, os pijamas dobrados, a pasta de dente, os pratinhos dos gatos cheios de comida. A escova no banheiro, ao lado da minha, a louça no escorredor, a pasta que organizo meus papéis, os bilhetes no mural, os filmes de um dia de molho. A barra de chocolate no balcão, o meu coração, a minha alegria, a minha casa.

É difícil ficar com todas essas coisas perto e longe do principal. E mesmo que nada disso existisse, ainda tenho lembranças, carinhos, conchinhas, abraços, histórias, sorrisos, risos, choros, planos e sentimento.

É impossível apagar tudo isso e não quero. É impossível não sentir falta. É impossível não lamentar pelo caminho. É impossível sorrir como antes. É impossível não lutar para ter o que é meu e tudo que é dela de novo.

“Vejo a vida passar sem graça
No vazio dessa casa
Fico a imaginar, você parece estar aqui
Pode ser que eu esteja sonhando demais
Só eu sei quanta falta você me faz” (Fábio Jr.)

 .

Eu finjo ter paciência

Por Juliana Ramiro

Com gente burra. Com gente que não sonha alto. Com quem não vai atrás de seus sonhos. Com quem vive aparentemente feliz. Aparentemente rico. Aparentemente cheio de amigos. Com quem não se dá conta que passou. Que é passado. E que passado não é só uma nomenclatura, mas um tempo que já não existe. Com quem mente para si mesmo. Com quem não sabe fazer escolhas. Com quem julga sem olhar para o próprio umbigo. Com quem leva tudo ao pé da letra. Com quem acredita cegamente em religião, política, ideologia, ou o que seja. Com quem não tem argumento. Com quem fala mal, mas quando precisa “paga pau”. Com quem se aproxima das pessoas por necessidade. Com quem não admite que sua vida não é tudo isso para aí sim poder fazer diferente. Com quem diz ser cheio de amigos, mas senta numa mesa de bar sozinho. Ou com desconhecidos. Com quem torce para que relacionamentos terminem para não se sentir tão encalhado. Com quem não admite seu peso, sua altura, seu cabelo, sua existência. Com quem coloca inocentes no mundo e os renega como se tivessem culpa. Com quem abandona a família. Com quem espanca os filhos. Com quem trai a si mesmo. Com quem mente que ama. Com quem mente olhando nos olhos de quem quer que seja. Com quem agride a mãe. Com quem faz maldade. Com quem não sabe amar. Com quem maltrata inocentes. Com quem baixa a cabeça para tudo. Eu finjo ter paciência com quem sabe que é algo do que escrevi até agora e não faz nada para ser diferentes..

Never let me go

Por Juliana Ramiro

Não quero mais partir
Tenho motivos para ficar
E o principal – Você

Nem sempre é fácil
E mesmo o difícil parece bom
Quando tudo que vejo
É iluminado por esse sorriso

O teu riso é música
O teu amor, poesia
O meu cantar, nossa alegria

O teu corpo, meu lar
Quero fazer ninho nessa rua
E dividir minha morada
Com quem aprendi amar

Quero gritar o sentimento
E não ligar para a lamúria
De quem não consegue aceitar.