Dinheiro traz felicidade

Por Juliana Ramiro

Antes de mais nada, gostaria de me desculpar pela ausência de posts nas últimas semanas. Final de semestre, ainda não consegui terminar a faculdade, então novembro é o mês D.

Tive que entregar meu projeto de monografia e lutar para ter a orientadora que realmente confio para meu trabalho. Deu tudo certo. Mais uma vez pelo caminho mais penoso, porém TUDO CERTO.

Eu não costumo falar em dinheiro, embora desde muito cedo tenha aprendido seu valor. Meus pais se casaram muito jovens, muito cheios de sonhos, de vontade, mas com pouca grana. Quando eu e meu irmão nascemos a coisa ficou mais apertada ainda. Posso dizer que tive uma infância humilde e, dentro daquela realidade, feliz.

O valor que dou para o dinheiro devo aos meus pais. Quando tinha uns 6 para 7 anos, eles estipularam uma mesada de 10 reais para mim e meu irmão, e nós deveríamos administrá-la até o próximo começo de mês, sem chamadas extras. Eu não fui daquelas crianças que ganhavam dinheiro para merenda na escola, fazia minhas refeições todas em casa. Nem fui daquelas que ia ao supermercado com os pais e colocavam tudo no carinho e, se algo fosse negado, abriam a maior goela e faziam um verdadeiro circo. Tanto eu quanto meu irmão aprendemos a pedir as coisas e entender quando o dinheiro tava curto. A mãe sempre conta que meu irmão pegava uma bolachinha recheada na mão e dizia: Mãe, esse mês tu tens dinheiro pra eu levar uma bolachinha? Se ela dizia que não, ele largava na prateleira e seguia agarrado no carinho.

Sempre tive uma visão empreendedora e um gosto mais barato. Meu irmão pegava o dinheiro dele e comprava um boné, que depois seria vendido para os amigos pela metade do preço, ou dado. Já eu dividia meu dinheiro nas semanas do mês, e toda semana, ia numa bazar “1,99”, a maravilha da minha infância, e comprava um brinquedo novo, ou uma peça de roupa. Uma vez apareci com um chinelo imitação de Rider, daqueles que era impossível correr com eles, porque não tinham a tira para prendê-los entre os dedos do pé. O fato de eu ter comprado meu próprio chinelo me encheu de orgulho. Na época não entendia muito bem aquela sensação, mas como era boa, seguia fazendo coisas para senti-la. E, claro, o que sobrava das compras no 1,99, juntava e comia de bala no bar da escola, como toda criança.

E foi essa sensação boa, de ter as minhas coisas, fazer minhas escolhas, e administrar minhas finanças, que me acompanhou por toda adolescência. E assim que pude, consegui meu primeiro estágio. E com o primeiro salário comprei um taco de sinuca importado, profissional. E mesmo que esse taco, hoje, não me sirva pra nada, na época foi gratificante poder entrar na loja e escolher o taco do meu gosto, que cabia no meu bolso, e pagar por ele, depois de um longo mês de trabalho.

De lá pra cá, estou com 22 anos, é isso que tenho feito. Batalhado pelo meu dinheiro e gasto ele com coisas que me fazem feliz. O dinheiro não traz felicidade? Traz sim. Traz felicidade para quem sabe ser feliz. E eu sei.

E fico feliz de ir ao shopping e poder comprar um presente de natal para minha mãe. Um presente não. O presente que eu acho que ela merece, que combina com ela. Poder dar esse mimo a ela me faz feliz.

E meu dinheiro não compra amigos, mas me dá a oportunidade de visitar os meus que estão distantes. E de encontrar os que estão por perto, de me divertir com eles.

E meu dinheiro não me dá cultura, mas me permite ir ao cinema, comprar livros, ir ao teatro.

E meu dinheiro não me bastaria para ser feliz, mas realiza alguns dos meus sonhos, e me traz cada vez mais sensações boas. De deixar a casa numa zona e voltar sentindo aquele cheirinho de limpeza, de simplesmente decidir ir, ir para qualquer lugar, por qualquer motivo, e ter o meio de chegar lá e voltar. Tantas coisas. Tantas sensações.

Repito, o dinheiro traz felicidade para quem sabe ser feliz..