Onde está o leão?

Por Juliana Ramiro

Dizem que quanto mais velho se fica, mais a gente se aproxima do nosso ascendente. Vai perdendo as características do nosso signo e ganhando uma nova forma. Pois a vida me trouxe uma nova teoria. Ou talvez seja apenas uma mutação particular, minha.

A dor me aproximou do meu ascendente. Sofrer me torna cada dia mais Peixe. Onde está o Leão que me habitava? Onde está sua força? Minha força? Nossa força? Onde está a coragem? A determinação? Aquele sentimento de poder SIM ter tudo que quero? Onde foi parar o Leão que ruge, que assusta, que protege, que se comporta como o Rei da Selva, e possui a postura de rei?

Onde está o Leão que controla e cuida da vida dos habitantes de seu reino? Onde foi parar o Leão que serve de porto seguro para família, amigos, amores? Onde está o Leão que todos orgulham-se e que eu me orgulhava de ser?

Nunca me senti tão Peixe. Um Peixe pequeno, restrito ao mundo das águas, passando meus dias remando de um lado para o outro sem um rumo certo. Um Peixe que pode ter as melhores intenções, mas sem braços, nunca conseguirá acolher os seus. Um Peixe que não é temido, tão pouco admirado. Um Peixe frio, molhado, presa fácil para outras tantas espécies. Sinto que a qualquer momento posso ser devorada por um pássaro, ou mamífero, por homens. Um Peixe de olhos saltados e tristes. Olhos inchados de tanto alimentar o seu próprio meio – água. Um Peixe frágil, acovardado, que tem boca, mas não fala, não grita.

No auge da minha existência Peixe, eu só queria recuperar, nem que fosse a juba do Leão que fui.

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