Aprender também ensina

mami

No dia das mães, época em que todo mundo escreve suas homenagens, matutei sobre o tema e divido com vocês um resumo de uma história, um pedacinho de um amor e de uma aprendizagem.

Sou filha de professora, assim, desde cedo, a educação, o ensinar, o aprender, o ECA e o Paulo Freire estiveram muito presentes na minha vida. Se a gente pensar educação como sinônimo de bom comportamento, de respeito às regras, de fato, minha casa foi de ferreiro e minha educação o tal espeto de pau. Nunca fui exemplo de passo certo, mas sempre aprendi e me fiz aprender.

Tenho certeza, e isso não é arrogância pois tem bases reais nas histórias que minha mãe conta (e repete), que fui uma criança que deu trabalho, mas que ensinou muito. Como diz minha mãe, quando o Rafa nasceu, ela era uma criança cuidando de outra, tinha 20 anos. E a mesma criança, três anos depois, cuidando de duas, quando cheguei na vida deles. Talvez o que descrevo abaixo seja fruto desta juventude da minha mãe – atitude que preserva até hoje.

O Rafa também ensinou muito a ela, foi o primeiro filho. Mas aqui o texto é meu, minhas regras, minha mãe e me permito contar apenas a nossa história. Encarem isso como licença poética.

Bom, com o meu nascimento, a mãe testou o fato de um filho não ser igual ao outro e aprendeu que uns precisam de mais espaço para crescer. Ela aprendeu novas respostas a novos porquês. Aprendeu a cuidar de uma menina. Aprendeu a fazer chucas numa cabeça em fuga. Aprendeu a ouvir um dia inteiro de “O Pezinho” no violão e ainda sorrir com o progresso. Aprendeu a ser uma mãe de uma menina que gostava de futebol, de música, de luta e de nunca fazer a mesma atividade, do mesmo jeito, por muito tempo. Aprendeu a mostrar, numa rotina sem tempo, mínimo interesse em repetidas frases que iniciavam com a expressão “sabe o que eu tava pensando?”. Ela aprendeu a respeitar que menina nem sempre gosta de saia e tamanco e que, por vezes, preferem assistir tv no quarto e não falar sobre os próprios sentimentos. Aprendeu a ser uma melhor amiga, não pelo fato de ser confidente, mas por ser um ombro amigo e um porto seguro.

Os anos passaram e ela seguiu aprendendo. Aprendeu que os filhos são do mundo. Aprendeu a respeitar nossos caminhos. Aprendeu a apoiar sonhos furados. Aprendeu a respeitar nosso silêncio. Aprendeu que conforme o tempo ia passando, íamos virando um abrigo mútuo e que até podíamos trocar de papel algumas vezes e que isso jamais seria um problema. Minha mãe aprendeu tantas outras coisas… mas eu disse que contaria um resumo de uma história. Paro por aqui.

E, para concluir, afirmo que meu texto nunca foi e nunca será uma ata para registrar tudo que minha mãe aprendeu comigo. Não pretendo cobrá-la por isso. (Muitos risos!) Estas palavras são apenas um registro meu de tudo que aprendi sobre ser mãe com ela. E, se hoje reconheço e dou valor para a mãe que tenho é mais um sinal de que aprender também ensina. E mais um sinal de que ela faz um ótimo trabalho!

Mãe, te amo daqui até o céu – ida e volta!

(Meu texto é sobre uma mãe, a minha. E que esta data possa servir para reconhecermos e declararmos nosso amor, mais uma vez, não só pela mãe que nosso RG nos sugere, mas por todos aqueles homens e mulheres que ensinam e aprendem o amor com seus filhos.).